Neste vídeo vamos falar de evidências de São Francisco no Caminho de Santiago. Também vamos ver quais eram suas intenções e alguns dos milagres de um dos santos mais importantes da religião católica.
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É praticamente incontável o número de pessoas que fizeram o caminho de Santiago. Desde a descoberta do túmulo do apóstolo durante a Idade Média e até hoje, pessoas de vários países, famosos, reis e até santos já cruzaram as terras espanholas até Compostela. Dentre elas, há uma pessoa em especial que fez o caminho e que guarda um espaço especial nos tradições da Igreja Católica: São Francisco de Assis.
Patrono dos pobres e dos animais, Giovanni di Pietro di Bernardone, nome que levava antes de se tornar Francisco de Assis, nasceu rico, filho de comerciantes italianos, gostava de festas e uma vida mundana.
Por volta de 1203, ele torna-se um cavaleiro e em uma de suas missões, começa a se deparar com mendigos e pobres no caminho. Isso desperta nele uma insatisfação com as desigualdades sociais e decide voltar para a casa sem glórias.
Diz as lendas que anos mais tarde, ao orar em uma capela ouviu a voz de Deus “Vá, Francisco, e restaure a Minha Casa!". Imaginando tratar-se de reconstruir a Capela literalmente, Francisco volta para casa, vende boa parte dos tecidos do pai, e entrega-se ao serviço de Deus e dos miseráveis.
Em 1208, afinal compreende o sentido da mensagem: restaurar a igreja como instituição. Faz votos de pobreza e começa a pregar sua doutrina.
Com o hábito da pregação itinerante, quando os religiosos de seu tempo costumavam fixar-se em mosteiros, e com sua crença de que o Evangelho devia ser seguido à risca, imitando-se a vida de Cristo. Seus sermões eram sempre cheios de muitas pessoas e então ele passa a ganhar companheiros nessa jornada.
Em 1215 o Concílio de Latrão reconhece a "Ordem dos irmãos Menores de Assis”. E conforme falamos no vídeo da Inquisição espanhola no caminho, a Igreja se utilizava das suas ordens para monitorar os comportamento de seus fiéis, por isso, a ordem de Francisco também foi utilizada nos demais séculos com esse objetivo, assim como os dominicanos.
Agora qual a relação de São Francisco com o Caminho? Bem antes de entrar a fundo, já vai se inscrevendo no canal, tocando o sininho e dando seu like que eu explico melhor para vocês.
Antes de entrar no caminho, preciso contextualiza-los com relação a situação história. Tanto Sao Francisco quanto a Espanha e toda a Europa em meados do século XIII, estavam numa “luta” contra os Muçulmanos. Já era o terceiro século das cruzadas para reconquista da Terra Santa e a Espanha enfrentava um período da Reconquista Espanhola contra os muçulmanos, que contamos no vídeo aqui.
Até se você não viu o video, vai lá que eu explico tudo da Reconquista e depois voltar aqui.
São Francisco em sua itinerancia, tentou ir para a Síria, não conseguiu mas foi até para a Terra Santa, onde foi preso.
Esses feitos denotam que havia portanto um interesse muito grande dele em cristianizar os muçulmanos e quem estava sob o domínio muçulmano na europa nessa época era a Península Ibérica. Sendo assim, São Francisco teria surfado na onda da Reconquista espanhola e seguido em 2 campanhas para a região para lá, sendo que a primeira foi a primeira pelo caminho e a segunda, numa comitiva - que achei em algumas fontes - poderia chegar até a 100 frades, fundou igrejas pelo caminho.
Outro ponto muito importante: estamos falando de Tradição Oral, por isso há um ar de lenda nessa história que só foi escrita mesmo séculos depois.
Diz a tradição oral que a primeira campanha e peregrinação de Francisco pela Península Ibérica ocorreu entre a Páscoa de 1213 e Novembro de 1215, antes do concelho de Latrao.
Como tantas outras histórias do Caminho, a caminhada de Francisco também tem sua lenda e milagres. Uma delas conta que em uma noite enquanto dormia, Francisco deixou seu bastão de caminhada em um local e no outro dia, uma arvore teria brotado dela. Após alguns anos diz que hoje parte do tronco seco continua dentro de um oratório no local. Um sinal da ligação entre San Francisco de Assís e o Caminho de Santiago
Uma dos motivos e missões de Francisco ali, seria evangelizar, celebrar os restos mortais do apóstolo e anunciar a sua missão autorizada pelo papa na época em evangelizar e restaurar a igreja
As crônicas dizem que, durante um dia de oração na catedral de Compostela, ele recebeu uma revelação sobrenatural na qual foi informado que sua ordem cresceria muito. Sendo assim, Sao Francisco viu a necessidade de expandir as fundações e com igrejas e conventos pelo caminho. Por isso, numerosas implantações são atribuídas a ele em seu retorno de Santiago, em Logrono, por exemplo, considera-se que o convento foi fundado pelo próprio Santo, por exemplo. E assim, segue-se pela rota jacobina e do norte do caminho.
A ordem viu a necessidade de várias construções para manter viva a fé no Caminho e também para combater as heresias do momento tal qual mandava o regime inquisitorial da época.
Relatos dizem que Francisco viveu e amou como Cristo. Sua compaixão por todas as criaturas é sua maior característica e uma contradição, inclusive para a Igreja que vivia um período de controvérsias, especialmente com suas posses.
As fontes historiográficas de São Francisco são controversas, isso porque o Santo escreveu muito, mas não sobre si ou sobre sua vida privada, mas sobre seus ideais e pensamentos, entre elas sobre a santa pobreza e sobre o juízo final. A história de sua vida ficou na mão de biógrafos e alguns deles se utilizaram dos contos e eventos contados na época para construir a figura de Francisco. Até mesmo a popular Oração de São Francisco, a que inicia com as palavras Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz..., não é de sua autoria, tendo sido escrita em 1913 em uma publicação anônima na França.
Após sua morte, ele foi canonizado pela Igreja Católica menos de dois anos após falecer, em 1228, e por seu apreço à natureza é mundialmente conhecido como o santo patrono dos animais e do meio ambiente e apesar a substancialidade documentais da vida de Francisco não está ali, em nada apaga a importância dele para a Igreja e nem mesmo a pureza e intenções de sua vida.
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