A tradição do Botafumeiro nas tradicionais missas do peregrino data do século XI, contudo, a sua aplicabilidade maior vem dos séculos XIV e XV. Além de um elemento liturgico, ele também era essencialmente utilizado para espantar o mal cheiro dos peregrinos que chegavam a catedral de Santiago cansados.
O balançar do botafumeiro é rápido e pesado sendo um dos mais pesados e maiores incensos do mundo, pesando 80 kg e mede aproximadamente 1.60 de altura.
Tanto que no decorrer da história já ocorreram alguns acidentes, um dos mais conhecidos ocorreu durante uma visita da Princesa Catarina de Aragão. Ela estava em uma viagem para se casar com o herdeiro do trono inglês em 1499 e parou na catedral de Santiago de Compostela. Enquanto era balançado, o Botafumeiro voou para fora da catedral pela janela. Ninguém foi informado de ter se ferido nesta ocasião.
No passar do tempo ele foi sendo reforçado, restaurado e até substituído - seja para evitar novos acidentes ou por outras questões como o roubo do Botafumeiro em 1809 pelas tropas de Napoleão Bonaparte.
Apesar da versão de Santiago ser a mais famosa, era muito utilizada em muitas igrejas na Galícia.
Origens Linguisticas
Em Galego, "botar" significa “expelir, soltar”, e "fume" do latim significa “fumaça”
Sendo assim, Botafumero é uma palavra que vem do Galego, e que quer dizer literalmente Expelidor de fumaça.
Os homens que o balançam também tem um nome e são chamados de tiraboleiros, que quer dizer carregadores de incenso.
A Física do Botafumeiro
Existe uma regra da Física, especialmente da Mecânica que explica a movimentação do incensário que funciona como um pêndulo simples, ou seja baseado na força e na tração conforme a animação da tela.
Para poder executar essa ação são necessários 8 homens utilizando um sistema de cordas - que são trocadas a cada 20 anos devido ao atrito e desgaste. A velocidade dele pode alcançar 68 km/h e atingir uma altura de 21 metros
A Biologia por trás do botafumeiro
Também acreditava-se que a fumaça do incenso tinha efeitos contra epidemias e pragas - o que não faz muito sentido hoje em dia. Contudo já houve vários tratamentos tentando utilizar fumaça como cura.
A queima de incensos é algo tão milenar que não está somente na Igreja católica mas também no hinduísmo e budismo, contudo hoje ele está associado a casos de asma e até câncer. Sendo assim, a cura que o incenso proporciona atualmente são aquelas propostas pela crença e religião como auxiliar na meditação, expandir a mente e pautar rituais religiosos.
O uso do incenso e até do cigarro já foram ideias para cura de doenças e há relatos controversos como o caso no século de XIX de pais que levavam os filhos para inalar gás de cloro em industrias - que altamente tóxico.
Outro fator biologico é que antes de 2004, as cordas eram confeccionadas em esparto ou cânhamo, uma especie de Cannabis. Sim, uma parente da maconha mas com 0,3% de THC e sem muitos potenciais de ser utilizado para deixar uma pessoa drogada. Contudo, hoje, ela é confeccionada de material sintético.
E o dinheiro…
Nem todo mundo que chega a catedral a missa do peregrino poderá ter a oportunidade de ver o botafumeiro. Isso porque essencialmente ele é utilizado para missas importantes e solenidades.
O turismo de Santiago estipula uma taxa para visitantes da cidade para outras datas, custando cerca de 450 €, pouco mais de 2500 reais (se utilizarmos a conversão da produção deste vídeo) por cada "espetáculo". Mas apesar de ser caro, o balançar do turíbulo é muito popular entre os peregrinos, turistas e visitantes.
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A Catedral de Santiago é hoje testemunha de centenas de anos de tradição e balançares do botafumeiro, algo que os peregrinos presenciam com muita emoção e fé.
De fato, uma das tradições mais importantes do caminho de Santiago.
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