Hoje vamos falar de uma lenda galega que fala do mundo subterrâneo, acessível por meio de construções antigas chamadas de Dolmens e Mamoas. Não sabem o que é um Dólmen ou uma Mamoa? Não tem problema, pois vamos contar um pouquinho sobre essa lenda e também sobre o que a Arqueologia tem a dizer sobre essas construções.
Os dólmens são monumentos megalíticos tumulares construídos por humanos durante o Neolítico e estão espalhados pelo mundo, especialmente na Europa. Na Galícia e em Portugal, existe uma forma especial de Dolmen guardada dentro de pequenas cavidades na terra chamada de Mamoa, e como o esperado, na Galicia, são detentoras de uma lenda popular. Par alguns, as Mamoas são uma passagem para outro mundo.
Construções do Neolítico povoam a natureza das regiões da Galícia e Portugal. São as mamoas, que sobreviveram por milhares de anos, despertando o imaginário coletivo de cada povo que passou por ali. Na prática, uma Mamoa pode ter várias finalidades, entre elas a finalidade de guardar um túmulo. O nome mamoa origina dos romanos e sua chegada à Península Ibérica, que deram o nome de mammulas a estes monumentos pela sua semelhança com o seio de uma mulher.
Uma associação a isso, é que podemos imaginar que essa deposição de relíquias funerárias seria como que um regresso de um humano ao útero do ventre materno da Terra Mãe. Contudo, estes lugares guardam mais mistérios e devaneios coletivos do que só uma bela poesia funerária. Cada uma deles é rodeado de um ar misterioso e uma história folclórica … ou não.
Segundo a crença popular, as mamoas são como portas para um mundo subterrâneo, habitado por seres chamados de Xente Cativa, algo como jovens ou pessoas pequenas literalmente. Para alguns, esses seres são literais ao nome, que gostam de festas e música, porém para alguns linguistas há um significado mais pesado.
Cativo aqui não tem o significado literal de pequeno como muitos imaginam, mas cativo em galego tinha e mantém um significado muito importante relativo à ruína moral, mesquinhez, se você gosta de pequenez de espírito, não de corpo; Por isso muitos incluem os mouros nessa lista - e não confundir aqui com os mouros oriundos dos países árabes, apesar do nome igual estamos falando dos primeiro povoadores da Galícia, míticos, construtores de túmulos e que vivem abaixo do solo.
A convivência com os humanos só era possível baseando-se na troca de favores, moedas e ouro, caso contrário, não havia nenhum apreço de uma raça pela outra.
Mas o que diz a Arqueologia? - No geral, acredita-se que essas construções sejam dos primeiros homens que após a era Glacial. Há 8000 anos, instalam-se as primeiras comunidades de agricultores e pastores.
Essas obras teriam sido construídas por eles, inicialmente por um caráter funerário, indicando a crença de vida após a morte. Há um alinhamento astronomico em alguns sítios compostos por vários dolmens e a datação delas é de 5 a 6 mil anos. As Mamoas foram se deteriorando no decorrer do tempo e ficando apenas os Dolmens
No decorrer dos anos, conforme novos povos e povoados se instalavam em volta, foram sendo utilizados como moradias, lugares de descanso e até currais. Outro processo de reutilização é a transformação de alguns dolmens em capelas como um processo de assimilação de antigas tradições ao cristianismo.
Há quem diga que havia uma mamoa embaixo das ruas de Santiago, sobterrada hoje pela construção dos prédios e ruas modernas da cidade. Contudo, não é incomum encontrar muitas mamoas e dolmens espalhados pela Galicia e Portugal, especialmente aquelas anexadas ao dia a dia das cidades.
Hoje, existe um afastamento natural do interesse publico acerca dessas construções, especialmente dada ao envelhecimento populacional e diminuição da densidade demográfica regional dos monumentos e muitas seguem sinalizadas mas isoladas em seus sítios.
Antes, as construções faziam parte do dia a dia e também do imaginário popular que acredita piamente que havia um mundo fantástico abaixo do solo habitado por mouros, anões e Xente cativa.
O que antes era um possível misticismo se resumiu a uma lenda e um conjunto de contos. Seres fantásticos que tornaram parte da mitologia Galega e hoje são um mero folclore… ou não…