Por Fernando Jácomo,
04 de Maio de 2021, alguns brasileiros que estavam confinados (ou não), estavam iniciando a noite eufóricos. Aqueles que estavam acompanhando os memes do Star Wars Day (May the 4th be with you, a propósito), estavam animados em ver a Juliette Freire vencedora do BBB21. Outros, como eu, estavam esperando o dia acabar comendo um belo feijão com arroz e assistindo à um filme do Netflix.
Em paralelo ao filme que eu assistia, corria dos dedos pela notícias e vi a informação de que o quadro do humorista "Paulo Gustavo era irreversível e que apresentava sinais vitais". A notícia ("irreversível") era um eufemismo para uma condenação que nós receberíamos horas depois: "o talentoso humorista Paulo Gustavo falece aos 42 anos, em virtude da Covid-19, deixa marido e 2 filhos". A vitória de Juliette passou desapercebida.
A partir de então, muitos iriam comentar na internet seu lamento, iriam comentar os comentários, iriam falar besteiras e outros como eu, iriam se entristecer.
Não é uma questão de ser "mais um" ou "todas as vidas importam", mas a alegria e o humor de Paulo tinham um preço alto, sobretudo entre os nobres da classe média que choraram e se lamentaram. As frases de dona Hermínia e o talento de seu intérprete eram naquela noite, arrancados de todos os brasileiros como se um pedaço da nossa alegria fosse rasgadas de nossa pele. E a Classe Média sentiu isso!
Mas minha revolta não é para os nobres que sentam-se à direita no parlamento, mas sim aos loucos que ficam de biquini e bunda de fora protestando a favor de um genocida moderno e um vírus mortal - tudo em nome da bela economia.
Ah! Já deu, seu cara-pálida! - Eu só peço à Deus, Shiva e Ogum que não fique somente nas palmas na beirada da janela ou nos tweets da internet.
Como disse Paulo Gustavo no especial de final de ano de 2020, amor é ação. Ação é dizer ao coleguinha que não está tudo bem ele sair na rua sem máscara senão ele vai matar uma dona Hermínia indo ao mercado; é dizer que não é bom ir para a praia porque senão vai matar um Valdomiro Lacerda que vende refrigerante; é não recomendar cloroquina senão a Senhora dos Absurdos vai querer tomar e não vai funcionar. A propósito, essa bosta de cloroquina não funciona e só deu dívida ao país!
Tomei uma decisão recentemente: Eu não aceito choro de negacionista! Eu também não aceito desculpa da Classe Média e seus influenciados que não se acham responsáveis por ter eleito um governante ineficaz.
Essa tragédia não dá mais para ficar assistindo de forma omissa. Não tem mais graça as piadas do presidente. Não tem mais graça ver gente saindo de balada (ou por aí, contaminado os outros) e ficando impune; Não tem mais graça ver gente sem máscara e cuidados! Essa piada já não tem mais graça e perdermos o pouco do que tínhamos de bom. Chega!
RIP Paulo Gustavo
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