Por Fernando Jácomo,
Já faz um tempo que não piso o pé num gramado, não exploro o mundo fisicamente, não como em um restaurante ou mesmo sento em um café e bato papo com estranhos.
Faz tempo! Desde Março de 2020 me vi preso a um computador tendo que triplicar meu trabalho sem ter tempo de folga para tomar um ar ou curtir a natureza. Parte do meu tempo aqui na página era reservado para viagens e outra parte para o mundo virtual dos games, porém ambos os momentos foram engolidos pela pandemia, pelo lockdown necessário, pelo medo dessa doença, pela ansiedade, pela insônia e pelo excesso de trabalho.
Por sorte, nos poucos momentos de liberdade do trabalho, encontrei no videogame uma forma de sair do meu mundo e explorar ele de forma virtual de uma forma que a necessidade de viajar foi parcialmente sanada. Mais do que isso, em 2020 tive a oportunidade de jogar um game de 2018 que estava lacrado em meu armário fazia um tempo: Red Dead Redemption 2.
O que tem de especial nesse jogo? Bem, além da linda narrativa e gráficos excelentes, RDR2 me permitiu explorar um pouco do mundo dentro dele. Na sua campanha offline, tive a oportunidade de explorar de forma didática cada canto desse universo mas na campanha online foi onde tudo se resolveu para mim. O game conseguiu me colocar em ambientes diferentes como montanhas nevadas, desertos secos, pântanos quentes e florestas cheias de uma fauna e flora surpreendente.
Ok, muitos RPGs e jogos de mundo aberto já possuem isso, mas foi nesse jogo que voltei a me socializar de uma forma muito especial com outras pessoas também, sem a necessidade obrigatória de bate-papo ou canais de voz, utilizando a linguagem do jogo. Encontrei outros jogadores em missões divertidas e amizades que vinham e iam em questão de minutos. As vezes compartilhando uma bebedeira em Saloon ou compartilhando uma dança em uma cabana de moonshine, pude voltar ao mundo das interações. Em outros momentos me vali da solidão no mundo e cavalguei de Tumbleweed até Annesrburg apenas ouvindo a bela música country relaxante.
Apesar de 2020 e 2021 terem lançados outros jogos igualmente icônicos ou até melhores como The Last of Us 2, foi em RDR2 que encontrei mais calma. O suporte de pessoas próximas, meus médicos e os remédios para ansiedade e insônia me ajudaram a relaxar mais, porém foi nesse jogo que consegui canalizar as sensações e equilibrar ela.
Algumas pessoas não conseguiram superar essas patologias relacionadas ao confinamento e muitas delas precisaram quebrar a quarentena - mesmo em uma viagem rápida. Eu não conseguiria, a logística e a necessidade de pessoas em hotéis, estradas (pedágios e postos), mercados e restaurantes acaba sendo requisitada e queria evitar ao máximo isso. Mas como fazer isso sem enlouquecer? Não julgo, por sorte achei uma válvula de escape.
A vida está longe de estar perfeita (bem longe e para nós no Brasil a pandemia deve se estender bem mais do que no resto do mundo - pelo andar da carruagem - e realmente pretendo ficar em casa o máximo possível para preservar a mim e as pessoas que tenho contato diariamente e eventualmente. Por isso, para não entrar em parafuso, em alguns momentos vou me sento no alto do Monte Hagen e encarar o mundo virtual, esperando por dias melhores.
E você? Qual foi sua válvula de escape?