Sabe aquelas pessoas que falam coisas lindas mas tem atitudes horríveis. Então...
Esse texto possui spoilers de todo o filme Destruição Final – O Último Refúgio (Greenland)
Por Fernando Jácomo,
Vamos voltar no tempo!
O mundo está acabando, um homem comum responsável pela escavação em um poço de petróleo, vê seus dons serem necessários para escavar um meteoro em direção à Terra. Ele e sua equipe partem para o meteoro porém chegando lá, encontram diversos problemas. Então, em um ato altruísta, ele salva a tripulação, destrói o meteoro e se separa da família. Esse era o plot de Armageddon de 1998. Atitude linda e surreal.
22 anos depois, Gerard Butler - nosso querido Leônidas de 300 - se vê diante de um meteoro (ou cometa, no caso) em Destruição Final – O Último Refúgio (Greenland) - disponível na Amazon Prime. Sua motivação é outra: salvar sua família uma vez que a ameaça do cometa é imbatível.
Segue-se então um filme com todos os clichês de Armageddon, Impacto Profundo, Fim dos Dias, O dia depois de Amanhã e 2012. Até aí nada de mais.
No final, Butler salva sua família levando-a para um abrigo que possui pessoas escolhidas compostas por indivíduos com emprego relevante e saúde perfeita, ideais para uma reconstrução da sociedade. Ele e sua família haviam sido selecionados no começo, porém rejeitados de última hora - seu filho possuía Diabete do tipo 1. Mas ok, no final eles chegam no abrigo a tempo mesmo assim.
O maior defeito no filme é não mostrar o quanto o personagem de Butler é maquiavélico. Não importa que seus vizinhos implorem por salvação, não importa se centenas de pessoas estão desesperadas pedindo por ajuda, não importa se ele parar um avião com um carro e deixar todo mundo morrer se ele não embarcar... ele quer salvar o rabo.
Seu casamento nem é dos melhores mas ele também quer salva-lo incluindo sua prole. É instintivo porém nem um pouco autêntico.
Ao pintar o personagem como um herói, o filme acaba pintando uma caricatura ridícula do "cidadão de bem". O roteiro até tenta minimizar a maldade do herói mas de forma burra: em uma cena, ele promete devolver um carro ao dono se sobrevivesse... ele sabia que o carro seria deixado para trás eventualmente e viraria pó com a queda do meteoro.
A maldade contudo, não seria falha de roteiro. Seria mais autêntica. O problema é que a cabeça do humano médio de 2020 é falha igual esse roteiro: ele acha que está fazendo o bem ignorando todo o resto.
Candidatos a eleitores de Trump, os heróis de Destruição Final – O Último Refúgio (Greenland) só querem uma coisa: livrar o próprio rabo. E tudo bem se esse fosse o plot! Com certeza muitos de nós faríamos a mesma coisa e com essa motivação nos faria pensar muito sobre nós mesmos. O problema é disfarçar isso com boas ações vazias ou frases bonitas para enganar a audiência. Em resumo, o filme poderia mostrar o quanto a natureza do homem é bairrista e má, mas ele tenta se justificar com atitudes vazias e falha miseravelmente. O filme tenta ser maniqueísta transformando-o em mocinho, mesmo depois de ignorar o próximo e até matar em nome da sua salvação.
Com certeza Butler não lutaria até a morte como fez seu personagem na Batalha de Termópilas (300) ou mesmo Willis em 98, só não vamos igualar esses personagens e chamar esse cara de herói quando na verdade ele foi um tremendo filha da puta.
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