O que o imaginário mundial tem do brasileiro? Muito provável que eles imaginam samba, futebol e sexo. Isso é uma caricatura, muito decorrente da exportação do Brasil na época de Vargas para os Estados Unidos. Quando exportamos o conceito nos deparamos com inúmeros exemplos, como os "Avecs" português falando francês em Portugal ou mesmo os franceses, com suas boinas.
Caricaturas européias - Agora, imagina colocar as principais nações do velho-mundo em uma competição musical. E vale tudo: cantar bem, chamar a atenção, apelar para as caricaturas locais e cada vez escalar isso. Essa é a competição Eurovision, que ocorre a mais de 60 anos na Europa.
Muito mudou de Abba em 1974 cantando Waterloo e representando a Suécia. Em 1979, a Alemanha trouxe um Gengis Kahn bailarino no meio do palco e desde então a coisa não parou mais. Em 2006 tivemos a banda finlandesa Lordi vestido de demônios-zumbis (meus preferidos) e abrindo uma asa no meio do palco e em 2014, a cantora ucrania Mariya Yaremchu trouxe um homem em uma roda correndo feito um hamster. Deliciosamente brega.
Em 2016, os suecos Måns Zelmerlöw e Petra Mede conseguiram resumir esse sentimento e apresentaram uma música-tutorial representando seu país. Nela eles diziam como se ganha a competição Eurovision com o hit Love, Love, Peace, Peace. No palco, os competidores colocaram todas as loucuras de anos anteriores (incluindo os diabos finlandeses e a roda ucraniana).
Chegamos ao filme de 2020 - E assim, nesse clima, inicia-se o filme "Eurovision: A Saga de Sigrit e Lars" original da Netflix. Lars Erickssong e Sigrit Ericksdóttir ainda crianças (Will Ferrell e Rachel McAdams) assistem ao show de Abba na Eurovision de 1974 e dançam felizes querendo participar da competição. Anos se passam e então o filme nos apresenta seu primeiro sucesso fantasioso da dupla: Vulcano Man. Ferrel aparece vestido de viking e McAdams como uma ninfa. Próximo aos mares gelados da Islândia eles cantam e tocam teclado de frente um para o outro como um verdadeiro clipe músical feito para o campeonato.
E o filme vai além, criando uma ocasião única para ambos se apresentarem de forma atrapalhada na competição do Eurovision representando seu país - vale até uma Demi Lovato explodindo e pegando fogo (sim, literalmente isso).
E a caricatura islandesa está lá: a adoração ao leprechauns, vilarejos costeiros de pescadores e sotaques. O filme também extrapola alguns outros esteriótipos batendo nas crises sociais de alguns países com luva de pelica, como o antagonista russo Alexander Lemtov (Dan Stevens) que vive dento do armário. Tudo para culminar em apresentações cheias de "breguisses deliciosas", atrapalhadas com pitadas de sarcasmos e críticas.
Não que o filme seja impecável, inteligente ou mesmo super-engraçado. Ele é majoritariamente e propositalmente é brega e essa é a mágica da história. E muito mais do que uma comédia - ou uma história de amor - o filme é uma ode ao Eurovision e suas caricaturas desconcertantemente deliciosas.
Em um ponto ele apresenta a música Song Along, uma espécie mash-up de várias músicas cantadas por ex-participantes da competição. É como se fosse um Avengers da Eurovision.
Ao final, o clima descontrolado se acalma em uma linda homenagem com a música Husavik - My Home Town - que apesar de apresentada por McAdams é cantada pela sueca Molly Sandén.
Em um ano pesado como 2020, em que a competição mais brega e linda da Europa precisou ser cancelada por conta do COVID-19, o filme acaba sendo um substituto feliz e divertido. Um alívio para entreter-nos e respirarmos sem as máscaras dentro de nossa casa durante a quarentena sonhando com a competição no ano que vem.
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Degustação Germânica
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