Por Fernando Jácomo,
Final de semana tive a oportunidade de assistir ao filme brasileiro Bacurau onde, Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, diretores do longa brasileiro, trazem às telas um filme com diversas perspectivas.
Final de semana tive a oportunidade de assistir ao filme brasileiro Bacurau onde, Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, diretores do longa brasileiro, trazem às telas um filme com diversas perspectivas.
Olhando pela perspectiva estética, Bacurau é uma distopia em um futuro próximo que conta a história do povo de uma cidade homônima localizada no interior do Pernambuco. O filme é um misto de western e suspense - com pitadas de terror e ação - apesar de ser uma bela comédia propositalmente brega.
Porém é na transversalidade que o filme me capturou. Cruzando com diversas linhas narrativas e problematizações, o filme conta com temas que vão desde a identidade do povo brasileiro, fascismo, imperialismo ianque e até frases-chavões que estão no imaginário do povo brasileiro.
Inicialmente o filme tenta expôr - de forma didática e pejorativa - os problemas interno dos brasileiros: a visão míope do sul e sudeste que se acham diferentes do povo nordestino. Esse mesmo povo se diz mais europeu (descendente de alemão, italiano ou português) do que efetivamente brasileiro, mas engana-se quando precisa se enfrentar no espelho do próprio preconceito.
Em contraponto aos desafios que são apresentados ao povo de Bacurau, é nas fortalezas de sua história e raiz que eles ganham forças - como nas histórias já contadas de Ariano Suassuna e nas marcas de sangue, secas no ferro das peixeiras do legado de Lampião e seu bando.
Mas a violência não é o mote do filme, engana-se quem pensa assim. O mote do filme é a memória. Inicia-se com a morte de Dona Carmelita (interpretada pela Lia de Itamaracá) que imediatamente é questionada por uma Sonia Braga no auge dos seus quase 70 anos, que sobe em uma cadeira de plástico (daquelas que quebram fácil) e questiona bradando: "quem irá lembrar-se de mim quando eu for?"
Assim o povo de Bacurau luta não apenas para permanecer no mapa mas para ter o direito de existir e ter relevância. Subjulgada e subestimada pelo imperialismo ianque ou sulista-brasileiro, Bacurau é um exemplo do Brasil atual, que pensando bem, não é tão distópica se realmente lermos entre todas as entrelinhas.
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