Esqueça Thor, Mulher-Maravilha, Homem-Aranha ou até mesmo Superman pois, se existe um herói mais necessário para nossa realidade, esse herói é O Justiceiro, da Netflix.
O mês de novembro foi agraciado com a interpretação de Jon Bernthal no papel do anti-herói Frank Castle, o Justiceiro. Apesar dos riscos do herói machão-machista - que é esperado nesse tipo de atuação - a entrega foi de um herói com alto senso de justiça e cavalheirismo mas com muita (muita) maldade. Algo que somente o receptor do título "Justiceiro" é capaz de ter.
Fechado, sisudo, reflexivo e nem um pouco inédito do público, o Castle de Bernthal começou sua temporada com os mesmos dilemas apresentados em outros filmes do herói e até mesmo na segunda temporada de Demolidor, onde sua versão para TV foi apresentada. Em sua série solo, a medida que evolui, os episódios tendem a mostrar um herói cheio de falhas e não somente traumas. Suas ações questionadas (mesmo que em excesso) mostram o quanto a dualidade do justiceiro causa questionamentos.
Há resquícios de bondade e excessos de caráter quase que esquecidos até então nos punhos sangrentos do ex-militar. Uma boa montagem com flashbacks bem colocados (aplausos para o episódio 10 "Virtue of Vicious") ou mesmo cenas filmadas em um palco, misturadas no mesmo cartucho de munição com a atuação forte de Jon Bernthal, Ebon Moss Bachrach (Micro) e Amber Rose Revah (Madani), conseguem deixar tudo sensualmente e sexualmente, violento e delicioso.
Seria a fórmula da maçã do Éden se não fossem algumas falhas técnicas. Assim como as demais séries da Netflix, Justiceiro tende a perder o ritmo da mesma forma que Defensores. A constante interação com a família de Micro e a necessidade constante de engordar a série para caber em 13 episódios, tornam a experiência pesada.
Uma mudança que pode não agradar aos fãs dos quadrinhos da Marvel é quanto à complexidade e crises de Castle: inexistentes com tamanha intensidade nas HQs. Contudo, há uma adaptação para os tempos de alt-right americanos atuais, onde questões como desarmamento, corrupção e terrorismo, são tratados (mesmo com dedos e sem tormar partido) como temas que assustam toda a população norte-americana. O fim do personagem pode não agradar o mesmo fandom, que esperam um avatar de uma máquina de matar enquanto o roteiro o coloca como herói (quase super-herói) e abre a trama para novos vilões carnavalhescos.
Mas a questão que torna Frank Castle um herói necessário para nossa realidade corrupta é que ele é falho e violento. Suas ações são sedentas de muito sangue e pouca explicação, deixando os questionamentos morais para outros personagens. Isso tecnicamente pode deixar o anti-herói menos interessante, porém mais palpável, afinal de contas, Frank Castle não precisa se auto-justificar - deixem isso para os demais personagens.
Mas no fim do dia, é agradável saber que mesmo no mundo real, certos meios corruptos estremeceriam ao ouvirem seu nome. Seria o mais correto contudo?
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