Por Fernando Jácomo
Sim, a manchete é polêmica. Mas é para ser mesmo, pois o assunto é sério e está ditando uma regrasno mundo dos games, muito complicada: a microtransação.
Antes de explicar os argumentos, vou deixar claro uma coisa: não sou totalmente contra microtransação. Acredito que alguns modelos como o Fremium, são relevantes para esse caso. Mas pagar mais de 200 reais por um jogo e ainda ter que pagar por DLC para ter uma experiência completa...Aí complica...
Recentemente, um usuário do Reddit fez um post fazendo uma reclamação do novo game Star Wars Battlefront II da EA. No seu texto, o usuário MBMMaverick levanta um questionamento: ele pagou 80 dólares no jogo para ter Darth Vader e outros personagens icônicos bloqueados. E o pior, para conseguir libera-los você precisará de um equivalente à 40 horas por herói... ao menos que você pague (com mais dólares) por ele.
O post virou um sucesso no Reddit - para surpresa da EA - e virou manchete em diversos sites especializados (aqui no Brasil, como o Omelete / The Enemy).
O sistema de microtransações já é comum nos games, principalmente na EA. Franquias como Plants versus Zombies, Star Wars, The Sims, Sim City, FIFA e outras, já renderam mais de 1.5 bilhões de dólares somente com microtransações e DLCs no ano fiscal de 2017 para EA (fonte: TweakTown).
O caso seria um sucesso se não fosse a alegação há alguns meses de Manveer Heir, ex-desenvolvedor da Bioware, sub-divisão na EA, que alega: "EA não se importa com o que os jogadores querem, eles se importam com o que os jogadores irão pagar... (...)" (fonte: Game Debate)
O assunto é grave, pois mostra o quanto a qualidade artística dos jogos podem ser esquecidas em detrimento do lucro. Fato é, que games da Capcom (como Street Fighter) e o fatídico Evolve da Turtle Rock Studios, levantaram grandes questionamentos quando aos seus DLCs disponibilizados: todos os conteúdos já no disco e somente com eles era possível ter uma experiência completa do jogo. Um remédio amargo que custou a imagens dos games mencionados.
Algumas empresas, como a Blizzard tentam mesclar as microtransações de forma mais orgânica: Overwatch por exemplo, é vendido no mercado com preço alto, os DLCs disponibilizados gratuitamente, porém as Loot Boxes (caixas com itens, roupas e demais colecionáveis) podem ser adquiridas por meio de level up ou com a compra utilizando dinheiro real.
Outras empresas, procuram tornar seu game totalmente gratuito e apostar apenas em microtransações, como o caso de Pokémon Go.
O caso da EA expõe uma situação mais grave e a mesma já se pronunciou dizendo que está avaliando o caso e informa que o valor para desbloquear esses personagens será 75% menor. Obviamente, está procurando encontrar formas de minimizar o impacto do lançamento do game, previsto para o próximo dia 17 de Novembro para Xbox One, PS4 e PC.
Existe um fator que a EA está se esquecendo: a competitividade. Star Wars Battlefront 2 precisa se provar que ainda é páreo para games que estão se destacando no E-Sports como Overwatch e Battlegrounds. Também precisa se provar como franquia da mesma forma Destiny 2 e Assassin's Creed Origins estão tentando nas últimas semanas. Não mais somente pelo universo "Star Wars" estar ali, é preciso ser bom.
Muito mais do que fazer seus jogadores comprarem o jogo (o que se tornou um risco real para EA), é fazer com que os jogadores permaneçam jogando por muito tempo - imagina pagando por conteúdo extra durante todo esse período? O game ainda tem muito para se provar antes de abraçar uma estratégia de negócios baseada em microtransações. Qualquer estratégia assim, em um mercado tão competitivo, é um tremendo risco a longo prazo.
Mesmo com resultados tão positivos sobre as microtransações, os gamers já perceberam isso, EA. #ficadica
Fernando Jácomo, analista de sistemas com MBA em Gestão de Negócios, estudante de História e gamer de carteirinha, acredita que as microtransações estão ficando tão sem noção, que logo logo alguns games vão sair das casas das pessoas e ir para os bingos.
0 comentários:
Postar um comentário