Por Fernando Jácomo
Dia 28 de Maio de 2017, era uma tarde de domingo e finalmente havia acabado a minha maratona da segunda temporada no (ou na) Netflix. Pensei em fazer uma resenha/crítica da temporada porém ainda estava com um sentimento confuso. Por mais que eu amasse os personagens, a libertinagem explícita e política em suas ações, me incomodou muito o roteiro mais fraco e o season finale (final de temporada) atropelado e frenético a ponto de me perder nas linhas da história.
Por um momento pensei que a aceleração se deu ao fato da série terminar na próxima (e) terceira temporada. Perdoei a série, mas não escrevi nada.
Em meio à outros assuntos como a chegada da E3, o mapa novo do Overwatch, as edições dos novos vídeos do Na Estrada, acabei deixando de lado Sense8.
Porém, no dia 01 de Junho, a Netflix anunciou o cancelamento da série. A internet (especialmente no Brasil) veio à baixo (ou veio à tona) e fãs reclamaram, fizeram abaixo assinado, protestaram em diversas paradas LGBTs ao redor do mundo, postaram memes no Twitter... foi um escândalo.
A temporada havia sido fraca, mas será que esse era o problema? Na verdade, o buraco era mais embaixo - e bem conhecido do brasileiro com seu jeitinho para tudo.
Primeiro que a Netflix é uma empresa que precisa lucrar como qualquer outra empresa no mundo, inclusive a minha e a sua se hipoteticamente ou realmente tivermos. Hollywood é capitalista e ponto final - Get over it! Segundo, que os índices de audiência de Sense8 eram baixíssimos, a série ocupava o amargo lugar 70 na lista! Por fim, a "responsabilidade" era do telespectador que baixa episódios na internet ou empresta a senha do serviço para o amiguinho.
Entendo que a situação no Brasil (e em muitos lugares do mundo) torna difícil ter que assinar Internet (com TV e Telefone obrigatoriamente para ficar mais barato), pagar energia elétrica, ter uma Smart TV ou um PC bom para daí - e somente daí - assinar um serviço de Streaming como a Netflix. É um custo que no total faz muitos brasileiros pensarem em baixar ou emprestarem a senha da conta. É caro essa brincadeira!
Mas, como diz o ditado, toda ação tem uma reação: o volume de downloads ilegais não é contabilizado nos números da empresa que é forçada a cancelar alguma série. E a Netflix veio na onda de cancelamentos similares como The Get Down, Marco Polo, recentemente com Girl Boss e colocou séries como Better Call Saul e House of Cards, em uma situação de desconforto.
Mas mesmo assim, os fãs reclamaram. Clamaram pela importância social, política e pessoal que a Sense8 tem - e realmente tem. Enviaram e-mails para os atores, diretoras, empresas e até cogitaram um financiamento coletivo. Por sorte as vozes foram ouvidas e a série vai voltar para um desfecho em um especial de 2 horas, provavelmente em 2018. A Netflix e a diretora Lana Wachowski confirmaram o retorno.
A vitória é como um chocolate amargo diet com baixo açúcar mas que precisa ser comemorada, especialmente pelo seu público. É apenas um episódio mas nos deixa uma lição: pirataria não ajuda em nada.
Mesmo eu, apoiador anarquista do conteúdo livre e gratuito para o mundo, sei que essa minha mentalidade socialista (ou esquerdopata) não passará pelos portões de Hollywood. Por isso, se em algum momento eu clicar no botão "Click Here for Download" eu preciso deixar de lado minha hipocrisia e ter ciência de que essa é uma de muitas ações que poderão cancelar meu seriado favorito. Que direito terei eu de reclamar depois?
Você pode me dizer: "Mas Hollywood têm muito dinheiro. É injusto isso." Amigo, a vida é injusta! Sense8 também nos ensina isso. Por sorte temos a oportunidade de termos uma segunda chance com alguns seriados. Não desperdice essa chance.
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